GRACILIANO RAMOS
(1892-1953)
- Nasceu em Quebrângulo, Alagoas. Viveu sucessivamente em Buique
(Pernambuco), Viçosa Palmeira dos Índios e Maceió ( Alagoas)". Em
1936 foi preso por motivos políticos e levado para o Rio de Janeiro, onde
fixa residência, após obter a liberdade. Nessa cidade veio a falecer a
20 de Março de 1953. Seu primeiro romance, Caetés, publicado em
1933, fora escrito 7 anos antes, quando prefeito de Palmeira dos Índios,
cujo ambiente e tipos humanos são nele fixados.
A infância vivida em Buíque é evocada no livro autobiográfico Infância
e em muitas passagens dos romances Angústia e Vidas
Secas.O ambiente de Viçosa é rememorado nas páginas do romance São Bernardo.
Da experiência vivida na prisão do Rio de Janeiro nasceram as Memórias
do Cárcere, livro que por sua densidade dramática e retrato percuciente
da situação e dos protagonistas, aproxima-se das Recordações a Casa
dos Mortos, de Dostoievski. O que se nota antes de mais nada em Graciliano
ramos, e assinalado por todos os críticos, é o cuidado no trato da
linguagem, afastando-o consideravelmente dos demais regionalistas
nordestinos da década de 30, na sua maioria, pouco afeitos ao
aprimoramento estilístico. É considerado, por isso um clássico da nossa
língua, colocando-se ao lado de Machado de Assis. Com este aliás, tem
muita afinidade de estilo: sobriedade, clareza, precisão e economia dos
termos, um estilo enfim enxuto, seco. Mas não vemos no escritor alagoano
, aquela finura, aquela elegância aristocrática do autor de Quincas
Borba. O que se vê é uma prosa agressiva , áspera e dura às vezes, à
feição da fala rude dos sertanejos nordestinos. Nessa linguagem
descarnada, desvestida de todo o ornato inútil , projeta-nos o romancista
uma paisagem humana desolada, constituída de sub -homens, seres feitos
bichos acuados, condicionados por aquele sentimento fatalista de que fala
Antônio Cândido. Eis a visão do Nordeste de Graciliano Ramos.
O pitoresco da paisagem física e dos costumes não existe. Sua preocupação
é antes o homem, onde se vê projetada a região. Daí a tendência
psicológica de Angústia e São Bernardo, psicologismo que não
anula o regional. Na análise dos homens está implícita a da região,
uma vez que esta, repetimos, projeta-se nas feições físicas, nas
atitudes, nas reações dos personagens |